Meu pequeno menino.
Hoje senti uma saudade enorme de ti, pequeno menino que voa como uma brisa lançada pelo mar. Senti saudade de te ver andando, correndo, como aqueles meninos que em mês de julho buscam um papagaio que se soltou da linha e desapareceu. Calado, sem norte e sem som.
Hoje, pensei demais em ti, pequeno menino. Não que eu quisesse que os meus pensamentos tivesse tal vertente, mas eles tiveram. Pensar em ti me completa no meio desse vazio sem nexo, sem perguntas e respostas.
Quando me pergunto o que acontece, ouço barulhos de giz riscando a lousa da mente desenhando pontos de interrogação.
Não, eu não faço preguntas. Não, eu não busco respostas, pequeno menino.
Muitas vezes eu me perco no pensar. O universo é grande, as coisas são muitas e as pessoas são bastante demais, mas tudo isso não me basta, não me completa.
Pensar em como será o amanhã me tortura. Estalactites de sentimentos furam o meu peito. Tenho medo de te perder e assim me perder, pequeno menino.
Na busca de quem sou, te encontro, te vejo parado alí, no canto vazio do quarto me olhando, me fitando fortemente com os olhos que pulam, transbordam, como se quisesse me dizer tudo o que sempre quis saber. Você me olha querendo falar da vida, dos amores, das dores, de tudo o que te atormenta, mas não consegue. E então me deixa mergulhar nos teus olhos e sem nenhuma palavra me falas tudo o que eu precisava ouvir, me fala de tudo o que eu necessitava saber. E isso não fere mais, isso não dói mais em ti, pequeno menino.
Emergindo do teu ser, eu descubro todas as respostas para as minhas dores. Sim, você me fez ver o que aos meus olhos era impossível enxergar. Beijo-te na testa, a cabeça clareia. Você já não é mais você. Eu já não sou mais eu. E no meio do compartilhar memórias e passados, vejo que não passamos de “nós”, “Nós dois em um”, meu pequeno menino.
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