O que há além do horizonte?
Quando olho os dois assim, de longe, penso que nunca imaginaria que um dia já foram um do outro. Sem olhares, cumprimentos, sem toques, eu cheguei a cogitar que ambos se odiavam agora, mas não, simplesmente se ignoram e se evitam. Aquela era, aparentemente, a forma mais fácil de exterminar com os problemas que, há tempo atrás, habitava entre os dois, mas quando se olhava e analisava lá no fundo de ambos os seres, podia-se ver que, na verdade, aquele era o caminho mais longo, mais duro, com mais quedas. Sofriam calados, reprimiam as sensações. A vontade de correr e abraçar o outro com força como sempre o fizera ainda existia, porém o orgulho ou até mesmo o próprio medo não as deixavam sair de dentro do peito.
Os dois se queriam, se amavam, precisavam um do outro para seguir em frente, pular barreiras, serem felizes. Eu poderia terminar essa história com um belo e sonoro “E eles foram felizes para sempre”, mas isso seria quase que uma utopia, afinal felicidade é coisa pequena, que se perde facilmente e que se demora um século para encontrar. Eles simplesmente seguiram, conseguiram achar a mão do outro no grande escuro dos acasos da vida e seguiram. Mãos dadas, passos quase firmes e uma vontade grandiloqüente de descobrir o que o destino tinha reservado para eles após o horizonte.
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