Te quero ver vital.
...E o menino procurava ser sábio, usar as palavras certas, na hora certa. O momento exato, aquele que fica entre o agora e o passado. Mas tudo o que pretendia dizer, já havia sido jogado em uma folha em branco, por Caio. Uma conspiração, um complô. Como se todos os seus pensamentos se traduzissem através da mão do escritor.
Ele colocava na folha, o texto já pronto, como se fosse seu. Na verdade, aquele texto era seu, pois expressava tudo o que sentia e desejava no momento. Tudo se tratava de sua emoção e sensibilidade, que alí, estava exposta. Então segurou firmemente a caneta de tinta vermelha, e jogou para fora o desabafo, que há muito tempo, guardara na memória:
“... Te desejo uma fé enorme. Em qualquer coisa, não importa o que.
Desejo esperanças novinhas em folha, todos os dias.
Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada e nem ninguém nesse mundo.
Que a gente reconheça o poder do outro, sem esquecer do nosso (...)
Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista, nem de sonho, a ideia de alegria (...)
As coisas vão dar certo.
Vai ter amor, vai ter fé, vai ter paz – se não tiver, a gente inventa.
Te quero ver feliz, te quero ver sem melancolia nenhuma”.
E findou tudo o que tinha para falar e escrever em uma única frase:
“Tenho tanta coisa pra te dizer”.
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